Prefeitura de Aracruz promove encerramento do percurso formativo do Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI)
A Prefeitura de Aracruz, por meio da Secretaria de Educação (Semed), promoveu nesta segunda-feira (2) e terça-feira (3), no auditório do Polo UAB, o encerramento do percurso formativo com professores dos Grupos 4 e 5 da Educação Infantil que atuam no Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI), uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) em parceria com a UFES, UFMG, estados e municípios, que visa formar profissionais da educação infantil para que as crianças de 0 e 5 anos tenham acesso à linguagem oral e escrita, de forma significativa e lúdica, sendo o programa parte do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
Os professores da rede Rogéria Guastti, Aline Tureta e Helder Guastti falaram a seus colegas de profissão sobre suas experiências leitoras, e de como isto impacta tanto na vida pessoal quanto no acompanhamento profissional deles. “Eu comecei a ler e entrar em contato com os livros aos cinco anos. Meu pai, que era analfabeto, sempre se preocupou que eu e minhas irmãs pudessem ler. Lembro que ele uma vez encontrou um livro na rua de uma professora que tinha acabado de se aposentar, que se chamava ‘As mais belas histórias’, e a primeira que eu li foi ‘O fechador de olhos’. Não sei do sonho de vocês, mas os meus, a partir desse momento, ficaram ainda mais coloridos”, lembrou a professora Rogéria.
Ainda de acordo com Rogéria, quando sua escola começou a trabalhar com o material do LEEI, agregado às formações continuadas, ela percebeu o quanto isto seria importante para as crianças. “Em nossos momentos nas salas de aula, ou debaixo de uma árvore, ou no parquinho, ao lermos histórias, que isto possa ser uma leitura afetiva e que toque o coração de vocês. Que os alunos possam ter boas lembranças para tentar lembrar do livro”, ressaltou.
A professora de Arte Aline falou que o momento formativo é responsável pela formação de uma sociedade. “Nós professores somos fundamentais na formação de pessoas, e a arte está junto nessa construção. Vejo uma chance de melhorar o laço e ampliar a visão dos desenhos de nossas crianças. Às vezes, simplesmente damos um rascunho para elas desenharem e não damos muito valor àquele pedaço de papel, que é um processo importantíssimo para a formação delas “, disse.
Aline mostrou como a arte na educação infantil pode melhorar a visão dos docentes e como o desenho age no processo de transformação da criança. “Quando ouvimos falar de arte, vem em nossas cabeças o conceito de arte visual, mas esse conceito é muito subjetivo, sendo um produto da imaginação humana, e cada um vai pensar de uma forma. Já o desenho apresenta uma importância cultural fundamental no desenvolvimento da linguagem, permitindo que as crianças transmitam, por meio da imagem, cores e linhas, o que outros meios não conseguiriam. Isso mostra a relevância desse trabalho na educação infantil, para muito além do treino motor, como a percepção visual e do exercício da cópia, ou seja, o desenho que passa um recado para a gente”, explicou.
Aline também destacou que não se deve reprimir qualquer traço feito pelas crianças em seus desenhos, pois isso pode levar a um bloqueio, fazendo com que elas não se sintam mais à vontade para desenhar. “Quando pesquisamos esse significado, em sua etimologia, vemos que pode significar experiência, sensibilidade, conhecimento sensível, sentimento, sensação e percepção. Em algum momento foi falado que um desenho tem que seguir um padrão estético de belo? Por isso, temos que trazer um pouco dessa percepção para os desenhos de nossas crianças, e repensar o nosso olhar sensível, pois isso é um processo que elas precisam passar, e é essencial transmitirmos um sentido de encantamento”, destacou.
Em um último momento da formação, o professor Helder, especialista em alfabetização e letramento, primeiro lugar no Eixo Inovação e Tecnologia do prêmio Educador Nota 10 e vencedor da medalha de Educador Capixaba Renato Pacheco, centrou sua conversa na leitura do livro “Tinha uma velhinha que engoliu uma mosca”, escrito e ilustrado por Jeremy Holmes, para fazer a mediação.
“Eu pensei em trazer para vocês a leitura como um momento de afeto, para repensarmos um pouco as dimensões leitoras e nossas relações afetivas com as práticas de leituras que vivenciamos e com aquelas que executamos na sala de aula. Quando dialogamos sobre leituras e histórias, isso vem muito ao encontro com nossas memórias, que é uma proposta do LEEI, ressignificá-las, e quais vocês querem estabelecer com as crianças de vocês”, disse.
Segundo Helder, quando se pensa em leitura compartilhada, é preciso entender que o procedimento de leitura é um momento mediador. “Quando eu externo em voz alta as palavras do livro, as inferências e colocações de vocês, também os colocam como leitores desse processo de escuta e leitura, que estão entrelaçados. Temos que compreender a leitura como um diálogo”.
Os professores destacaram que como se fala em prática e mediação de leitura, o ponto de vista de quem está ouvindo é tão importante quanto de quem está mediando a leitura, por isso é necessário se apoiar nesses conceitos, para que as proposições na hora da leitura com os alunos tenham cada vez mais valor. “As crianças nos compreendem a partir do momento que damos a validação, instigando o outro a se sentir confortável a participar, porque a leitura precisa ser construída coletivamente”.
As formadoras do LEEI Viviane Reis e Eliane Freitas lembraram que momentos como o da formação continuada promovem nos professores olhares diferenciados no fomento à leitura. “O que ouvimos aqui hoje é um convite para lermos ainda mais, o que nos ajudará a escolher os bons livros que serão lidos com os estudantes. Precisamos ter acesso a diversidades de obras e fazer um bom trabalho. O LEEI é carregado de contexto de leitura como função social, e também respira a importância da arte no princípio formativo de nossas crianças que manifestam suas escritas pela primeira vez em forma de desenhos, e como lidamos com tudo isso”, concluíram.
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