Bicicletas elétricas ganham espaço no Espírito Santo e viram desafio para condomínios

Bicicletas elétricas ganham espaço no Espírito Santo e viram desafio para condomínios

Nos últimos anos, o Espírito Santo viu um aumento expressivo no uso de bicicletas elétricas.

Seja nas ruas movimentadas de Vitória, nos bairros residenciais da Serra, ou até nas cidades do interior, como Aracruz, Colatina, Linhares e São Mateus, esses veículos se tornaram uma alternativa prática, econômica e sustentável para muitos capixabas.

O motivo do crescimento é fácil de entender. Além de serem mais baratas do que um carro ou moto, as bicicletas elétricas não exigem habilitação, são ágeis no trânsito e ainda contribuem para a redução da poluição. Moradores de condomínios têm aderido à tendência, aproveitando a praticidade para ir ao trabalho, à faculdade ou até mesmo para pequenos deslocamentos dentro das cidades.

O problema é que, assim como em muitas cidades do Brasil, os condomínios do Espírito Santo não estavam preparados para essa nova realidade. E agora a falta de regras virou motivo de briga entre vizinhos.

De solução para o trânsito a problema dentro de casa

Nos condomínios capixabas, o aumento das bicicletas elétricas tem gerado conflitos. O primeiro grande desafio é o estacionamento. Como esses veículos não precisam ser licenciados e são menores do que motos, muitos moradores passaram a deixá-los onde bem entendem: nos corredores, nas áreas comuns e até dentro dos elevadores.

Mariana Costa, que mora em um condomínio na Praia do Canto, em Vitória, conta que o problema começou quando os primeiros moradores compraram bicicletas elétricas.

 

“No começo, todo mundo achava ótimo, mas agora está impossível. Tem gente estacionando as bicicletas perto das escadas de emergência, no meio das garagens, bloqueando vagas de carros. E ninguém sabe quem é o responsável por organizar isso.”

 

Outro problema é a circulação dentro dos condomínios. Sem uma regulamentação específica, alguns moradores andam com as bicicletas elétricas nas áreas comuns, aumentando o risco de acidentes, principalmente para crianças e idosos.

Leonardo Fernandes, síndico de um condomínio na Serra, já precisou intervir.

 

Tivemos casos de moradores quase atropelando crianças porque estavam andando de bicicleta elétrica dentro do condomínio. Elas são rápidas e silenciosas, então muita gente só percebe quando já é tarde demais. Proibimos a circulação em algumas áreas, mas tem gente que não respeita.”

 

Os perigos do carregamento das baterias

Outro ponto que tem gerado preocupação nos condomínios do Espírito Santo é o carregamento das bicicletas elétricas. Diferente das bicicletas convencionais, esses modelos precisam ser recarregados em tomadas elétricas, e nem sempre isso é feito de forma segura.

Já houve casos de baterias superaquecendo e até explodindo em outros estados, e especialistas alertam para o risco.

 

“A maioria das baterias de bicicletas elétricas são de lítio, que podem pegar fogo se forem carregadas de maneira incorreta, em locais sem ventilação ou com fiação inadequada”, explica o engenheiro eletricista Rafael Almeida.

 

Diante desse cenário, alguns condomínios capixabas estão começando a criar normas para o carregamento, proibindo que seja feito em áreas comuns e exigindo que cada morador utilize suas próprias tomadas dentro dos apartamentos.

O que a lei diz?

No Espírito Santo, ainda não existe uma legislação específica para o uso de bicicletas elétricas em condomínios. No trânsito, elas devem seguir as mesmas regras das bicicletas comuns, podendo circular em ciclovias e ciclofaixas. Mas dentro dos prédios, as decisões ficam a cargo dos próprios condomínios.

Alguns síndicos já começaram a implementar regulamentos internos, estipulando locais específicos para estacionamento e proibindo a circulação em certas áreas. Outros têm discutido até a possibilidade de taxas extras para quem possui bicicleta elétrica, devido ao aumento do consumo de energia elétrica nas áreas comuns.

Bicicletas elétricas: aliadas ou vilãs nos condomínios?

Se bem organizadas, as bicicletas elétricas podem ser um grande benefício para os condomínios do Espírito Santo. Elas ajudam a reduzir o trânsito, diminuem a poluição e oferecem uma alternativa mais barata para o transporte diário. Mas, sem regras claras, elas podem se tornar um verdadeiro pesadelo, gerando brigas entre vizinhos, riscos de segurança e até problemas estruturais nos prédios.

O desafio agora é encontrar um equilíbrio. Os condomínios precisam se adaptar a essa nova realidade e criar normas que garantam a segurança e o bom convívio entre todos os moradores. E os proprietários das bicicletas elétricas também precisam fazer sua parte, respeitando as regras e utilizando seus veículos de forma responsável.

No seu condomínio, as bicicletas elétricas já viraram motivo de discussão?

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