Descaso com o transporte público revolta moradores de Aracruz

Descaso com o transporte público revolta moradores de Aracruz

Prefeitura é acusada de omissão e conivência com a precariedade do sistema de transporte

Aracruz – Nos últimos meses, a equipe da Folha Aracruz tem ouvido a população local por meio das redes sociais e correspondentes nas áreas da Sede do município, Orla e Interior. Durante esse período, um assunto tem se destacado como o mais polêmico e revoltante para os munícipes mais necessitados, que dependem do transporte público: O descaso com o sistema em um município de grandes dimensões como Aracruz, onde o transporte público é amplamente utilizado e monopolizado, a situação tem gerado insatisfação generalizada.

A Prefeitura de Aracruz vem sendo acusada de ser omissa e conivente com a precariedade do transporte público, já que, em um período de um ano, irá repassar três milhões de reais para as empresas Cordial e Expresso Aracruz, responsáveis pelo serviço.

No entanto, essas empresas não cumprem com os horários estabelecidos e não disponibilizam ônibus suficientes para atender a alta demanda dos usuários, principalmente na região da Orla de Aracruz, onde o sistema é caótico.

Lideranças comunitárias e usuários têm denunciado a falta de fiscalização, aplicação de multas e o não cumprimento de normas por parte da Prefeitura, que tem a responsabilidade de garantir um transporte público adequado. Além disso, Valdinei Tavares faz uma grave denúncia, afirmando ser trágico e surreal que, em pleno século XXI, os usuários não tenham uma tarifa única. Em vez disso, o sistema monopolizado pratica um modelo de tarifação com mais de 100 tarifas diferentes para cada localidade ou trecho, o que facilita a cobrança abusiva, variando de R$ 4,60 a R$ 15,00, dependendo do local e da distância percorrida.

Esse sistema abusivo dificulta a empregabilidade, prejudicando trabalhadores que residem em áreas mais distantes do centro da cidade ou do complexo industrial devido ao alto valor das tarifas. Além disso, inviabiliza que mães levem seus filhos para consultas médicas, projetos ou cursos, devido ao custo elevado da passagem, que é considerada a mais cara do Brasil.

Outro ponto de indignação é que, em um município que arrecada cerca de 800 milhões de reais por ano, a Prefeitura destina 3 milhões de reais para empresas privadas, enquanto os estudantes não têm o direito ao passe livre, que seria essencial para garantir sua pontualidade em qualificações profissionais e no acesso a instituições como o IFES e outros cursos técnicos concentrados na sede do município. É considerado criminoso negar o direito à educação, saúde e trabalho por falta de gestão, responsabilidade e sensibilidade humana.

Dona Zilda (moradora de Santa Cruz):

“É um absurdo o descaso com o transporte público em nossa região! Moro em Santa Cruz há anos e nunca vi uma situação tão precária. Os ônibus não passam nos horários corretos, às vezes nem passam! Ficamos horas esperando, expostos ao sol ou à chuva, sem ter certeza se conseguiremos chegar ao nosso destino. É uma falta de respeito com os moradores que dependem desse serviço. Algo precisa ser feito urgentemente!”

Foto enviada pelo leitor

José da Silva (morador de Jacupemba):

“Eu trabalho no centro de Aracruz e preciso usar o transporte público todos os dias. A situação é desesperadora! Os ônibus estão sempre superlotados, sem ventilação adequada, e muitas vezes nem conseguimos entrar. Além disso, os atrasos são constantes, o que compromete minha pontualidade no trabalho. É uma verdadeira odisséia enfrentar o transporte público aqui. Pagamos caro por um serviço de péssima qualidade. É inadmissível!”

Felipe Souza (da Barra do Sahy):

“Eu sou estudante e preciso me deslocar diariamente para a sede do município para frequentar minha faculdade. É um sacrifício imenso depender do transporte público. Além das tarifas exorbitantes, o sistema é caótico. Os ônibus são escassos e, muitas vezes, nem conseguimos entrar, especialmente nos horários de pico. Isso compromete meus estudos e minha formação acadêmica. Precisamos de um transporte público digno, que valorize a educação e facilite o acesso aos estudos. Estamos sendo prejudicados e isso precisa mudar!”

Essas são algumas das vozes dos moradores de Aracruz, que enfrentam diariamente os problemas do transporte público na região. Suas críticas refletem a insatisfação generalizada com a situação precária e exigem uma ação imediata das autoridades responsáveis para solucionar essas questões e proporcionar um serviço de transporte público eficiente e de qualidade para todos.

Vale ressaltar que, neste ano, a Prefeitura autorizou um reajuste de 17,5% nas dezenas de tarifas em todo o município, somado ao reajuste do subsídio. Estima-se que haverá um aumento de 67% no valor total, levando em consideração que o subsídio não entra diretamente na tarifa, mas é repassado mensalmente às empresas prestadoras do sistema de transporte público em Aracruz.

Além disso, nos finais de semana, os bairros da Orla e do interior contam apenas com dois horários de ônibus, um pela manhã e outro à tarde, o que restringe o direito de ir e vir dos usuários de acordo com suas necessidades.

É preciso que as autoridades tomem medidas enérgicas para garantir que as empresas sejam responsabilizadas por suas falhas e descumprimentos, a fim de promover um transporte público de qualidade e confiança para a população.

O Folha Aracruz, atento às demandas da comunidade, deu voz aos moradores e suas críticas em relação ao transporte público. Agora, a bola está nas mãos da Prefeitura de Aracruz para resolver essa situação insustentável. A população aguarda ansiosamente por medidas efetivas e soluções concretas para os problemas enfrentados diariamente. Estaremos atentos a qualquer atualização e cobraremos transparência e ação por parte das autoridades responsáveis. É fundamental que a Prefeitura assuma sua responsabilidade e trabalhe em prol de um transporte público de qualidade, garantindo o bem-estar e a mobilidade dos cidadãos de Aracruz.

Até o momento, a reportagem não conseguiu contato para manifestação das empresas citadas na matéria e não obtivemos resposta da SECOM da prefeitura municipal.

Nossa redação segue a disposição para dar o direito de resposta e atualizaremos a matéria caso haja manifestação.