Live debate as práticas pedagógicas e a escolarização dos alunos com transtorno do espectro autista (TEA)
A Prefeitura de Aracruz, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Espírito Santo (Senac-ES), promoveu na noite desta quinta-feira (24), uma live sobre as práticas pedagógicas e a escolarização dos alunos com transtorno do espectro autista (TEA). A temática foi proferida pela Doutora em educação Ariadna Pereira Siqueira Effgen, transmitida no canal oficial da prefeitura no YouTube e destinada a professores, pedagogos e diretores da Rede Municipal de Ensino que atendem da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Antes mesmo da temática ser discutida, a secretária da Semed Jenilza Spinassé agradeceu as parcerias, destacando a importância do diálogo em rede. “Mais uma vez estamos participando de um diálogo para nos permitir apropriar, de fato, desse processo que não é simples, mas também não é impossível. Queria agradecer a professora Ariadna e a parceria com o Senac que vêm nos trazendo reflexões importantes e que exigem mais aprofundamentos. Nós acreditamos que o processo de inclusão exige esse momento formativo, o que faz a diferença no nosso cotidiano. Muito obrigado pelos momentos coletivos que estamos tendo juntos”, disse.
Ariadna Pereira iniciou a live enfatizando que a permanência desses discursos se faz necessária, mediante às mudanças que ocorrem dentro das escolas. “Entendo que a formação permanente é fundamental pra pensarmos as práticas e a escola, que é viva, muda a cada dia com novas demandas, além das velhas que ainda não foram resolvidas. Esse é um tema que nos desafia muito dentro da escola. É uma temática que nos provoca, sendo que temos muitos mitos com relação ao autismo, e desconstruí-los se faz necessário”, pontuou.
Em seguida, os participantes da live puderam assistir um vídeo sobre sinais de autismo em adultos para que algumas reflexões pudessem ser tecidas. Características como dificuldades em fazer amigos, hiperfoco, linguagem direta, mudança repentina de humor, hipersensibilidade quanto aos sons e iluminação, preferência em trabalhar sozinho e seguir rotinas, previsibilidade e planejamento, dentre outras, podem indicar que um adulto seja autista.
“Temos que lembrar que cada indivíduo é único, e por isso precisam de um olhar singular, nunca devendo generalizar os casos. Quanto de vocês se identificaram com os sinais relatados no vídeo? São inúmeras situações que nós nos identificamos, o que não necessariamente nos faz pessoas com autismo. Isso significa que todas pessoas com autismo tem essas características? Também não. Esse vídeo é para que possamos problematizar um pouco desses mitos que se tem com relação ao autismo, e assim tecer reflexões e avançarmos nas discussões”, explicou Ariadna.
A professora defendeu a ideia de que o ato educacional tenha um primor pelo processo da mediação e da realidade de uma vivência coletiva para se pensar nas aprendizagens. Ela mostrou que conceitos como linguagem, mediação, ato de brincar/social, imaginação, regras e estereotipias são centrais para se pensar no trabalho com a pessoa com autismo. “Temos que entender que o aluno é da escola, ou seja, de um coletivo escolar, e todos nós temos responsabilidade sobre ele. E quando ele nos desafia, ele se constitui em um problema que temos que pensar em soluções”, disse.
Questões relacionadas à ética, inclusão, interação, memória, sensorial, linguagem, ambiente e a concepção do sujeito também foram abordadas, sendo que o autismo, não pode ser visto como um todo, e sim como parte do sujeito. “É importante pensarmos que o autismo não é um todo do sujeito, e sim uma parte, pois muitas vezes quando dizemos que uma pessoa tem autismo, reduzimos tudo que ela é enquanto ser humano a uma condição. Temos que deslocar essa ideia, tentando compreender o sujeito como um todo”, completou.
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