Depois de quase 20 anos, processo contra ex-vereadores de Aracruz enfim chega a um desfecho

Depois de quase 20 anos, processo contra ex-vereadores de Aracruz enfim chega a um desfecho

Se alguém tivesse marcado no calendário lá no início dos anos 2000, talvez não acreditasse que esse dia ainda chegaria. Mas chegou. Quase duas décadas depois, um dos processos mais antigos envolvendo a Câmara Municipal de Aracruz começa, enfim, a ser encerrado.

A ação, movida pelo Ministério Público do Espírito Santo, trata de irregularidades ocorridas entre 2001 e 2004, quando sessões extraordinárias foram realizadas sem comprovação de urgência ou interesse público, resultando no pagamento de jetons considerados indevidos. O que parecia um procedimento administrativo comum acabou virando um caso clássico de improbidade — daqueles que atravessam mandatos, gestões e paciências.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo autorizou um acordo que determina a devolução de mais de R$ 2 milhões aos cofres públicos de Aracruz. Um valor expressivo. Necessário. E, ainda assim, tardio.

Os ex-vereadores Edivan Guidote Ribeiro, Zezinho Atílio Scopel, João Rocha Nunes, Sueli Oliveira Quinonez e Rosane Ribeiro Machado aceitaram o acordo, encerrando oficialmente um processo que se arrastou por quase 20 anos. Tempo suficiente para muita coisa mudar, menos a sensação de que essa conta precisava ser paga.

Quando a Justiça demora, o desgaste fica

O dinheiro retorna ao município, e isso importa. Mas é impossível ignorar o incômodo que acompanha esse desfecho. Quanto custa para uma cidade esperar duas décadas por uma resposta? O fato aconteceu quando o país era outro, a política era outra e o cotidiano da população seguia sem saber quando ou, se de fato, haveria retorno.

Não se trata de desmerecer a decisão. Ela é correta. É necessária. Mas não é rápida, nem pedagógica como poderia ter sido. Quando a punição demora demais, ela perde parte do seu efeito. O erro já virou passado, e a indignação, memória.

Aracruz recebe agora um recurso que nunca deveria ter saído do caixa público. Recebe também um lembrete duro: processos longos demais corroem a confiança nas instituições, mesmo quando terminam do jeito certo.

Que esse capítulo finalmente encerrado não seja apenas mais um arquivo fechado, mas um alerta permanente. Porque lembrar também é uma forma de evitar que tudo se repita.