O bairro Jequitibá se levanta para agradecer o legado de Débora Amorim, a diretora mais amada de Aracruz!

O bairro Jequitibá se levanta para agradecer o legado de Débora Amorim, a diretora mais amada de Aracruz!

A eleição para a direção da EMEF Luiza Silvina chegou, e com ela veio uma onda de sentimentos difíceis de organizar. Pela primeira vez em duas décadas, não teremos Débora na direção. E por mais que isso faça parte dos ciclos naturais da vida pública e da educação, ninguém aqui do Jequitibá consegue tratar esse momento como algo comum. Não é. Não pode ser.

Débora Amorim foi diretora, foi professora de sala de aula e de vida. Ela foi e continua sendo uma parte viva da história de todos nós que crescemos passando pelos portões da Luiza Silvina.

Eu mesma, hoje fujo dos padrões profissionais deste veículo de comunicação, o Folha Aracruz , para expressar o que transborda em meu coração. Hoje escrevo essa matéria sendo menos jornalista e mais ex- aluna de Débora, pois não consigo separar o profissional do pessoal quando o assunto é ela. E talvez seja justamente isso que dê sentido a cada linha aqui.

Débora começou tão cedo, tão cheia de vontade, com aquele brilho nos olhos que a gente nunca esquece. Fez magistério, se formou, correu atrás, cresceu na vida e levou junto uma legião de alunos que aprenderam com ela muito mais do que datas e fatos. Ela ensinou a gente a pensar. A sentir. A se enxergar. Fez nascer em mim o meu lado social, a empatia que trago nos meus projetos pessoais.

E eu nunca vou esquecer o dia em que ela falou pela primeira vez sobre racismo estrutural. Para muitos de nós, aquilo era uma novidade, algo que não se discutia. Ela abriu uma porta que ninguém tinha mostrado antes. E abriu com coragem, com delicadeza e com a firmeza necessária para que a gente entendesse a importância daquilo. Hoje, olhar para trás e lembrar disso me dá a certeza de que foi ali que muitos se tornaram cidadãos de verdade.

No bairro, é difícil encontrar alguém que não tenha um pedaço da vida tocado por ela. Seja o aluno que cresceu, o pai que volta com o filho pela mão, ou a mãe que lembra de um conselho, de um abraço, de uma palavra que mudou tudo num dia difícil. Débora tem esse dom: ela marca sem fazer barulho. Marca porque se importa. Porque escuta. Porque enxerga as pessoas.

E quando alguém passa vinte anos assim, entregando tudo, a escola deixa de ser só um prédio. Vira casa. Vira memória coletiva. Vira parte de quem a viveu.

É por isso que o bairro Jequitibá inteiro sente esse momento. Mas o sentimento maior, aquele que ecoa em cada rua, em cada família, é gratidão. Gratidão por cada manhã em que ela abriu os olhos e escolheu estar ali. Por cada decisão difícil. Por cada olhar paciente. Por cada conversa que salvou alguém.

Agora, chega a hora da eleição. Outro nome estará disponível, como é natural. Mas isso não é sobre substituição, até porque ninguém substitui vinte anos de entrega. Isso é sobre continuidade. Sobre reconhecer que o que ela construiu é tão forte que permanece mesmo quando o nome não está na cédula.

E, falando em nome da comunidade do Jequitibá, com o coração bem aberto dígito aqui cheia de amor:

Débora, nós estamos com você. Não só como profissionais, não só como pais, não só como alunos que fomos, mas como gente que te ama, que te respeita e que sabe que você mudou vidas. A sua história não termina aqui. Não termina nunca.

A EMEF Luiza Silvina vai continuar seguindo seu caminho, mas seguirá iluminada pelas marcas que você deixou. Porque, no fundo, não é uma despedida. É apenas um novo capítulo para todos nós.

E o Jequitibá, esse bairro que você tanto abraçou, abraça você de volta com o mesmo carinho, a mesma verdade e a mesma força que você sempre nos ofereceu.

Nossa eterna gratidão, porque seremos incapazes de retribuir tudo que fez por nós e pelos nossos!