O Impacto Transformador do MST na Economia Agrícola Brasileira ao Longo de Quatro Décadas
Entre os dias 20 e 25 de janeiro de 1984, na cidade de Cascavel (PR), ocorreu um encontro marcante que reuniu posseiros, atingidos por barragens, migrantes, meeiros e pequenos agricultores que haviam perdido o direito de produzir alimentos no Brasil. Esse evento tumultuado foi o embrião do que viria a se tornar o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra, o MST.
Fundado em meio à efervescência de levantes sindicais, declínio do regime militar e a criação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o MST nasceu com a missão de lutar pela terra, pela reforma agrária e por mudanças sociais no país.
Desde então, o MST tem se destacado como um agente de transformação na economia agrícola brasileira. A premissa fundamental de que “sem a terra não há democracia”, proclamada no primeiro Congresso do MST em 1985, sustenta a busca incessante por justiça social e equidade na distribuição de terras.
Em uma recente participação na 7ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária 2021, o empresário Eduardo Moreira desmistificou o argumento conservador de que a reforma agrária e o MST são simples tomadores de propriedades e riqueza. Ele compartilhou suas experiências em economia, adquiridas durante sua convivência em assentamentos do MST em diferentes partes do país, afirmando que
“a terra faz o milagre econômico, o MST é apenas o facilitador”.
Moreira ressaltou que as comunidades nos assentamentos enriqueceram de uma maneira diferente do capitalismo convencional. Em vez de acumular dinheiro, acumularam recursos plantando e colhendo. Ao visitar assentamentos com agroindústrias modernas, produção diversificada e condições de vida dignas, ele testemunhou o enriquecimento dessas comunidades, não apenas em termos materiais, mas também na promoção do crescimento econômico de pequenos produtores.
A economia do MST, como destacou Moreira, não se baseia na concentração de terra ou no lucro individual, mas na geração e distribuição de riqueza. Ele enfatizou que essas comunidades estimulam o crescimento de outros pequenos produtores, enriquecendo a cadeia produtiva e promovendo o desenvolvimento econômico local.
A visita do empresário às prefeituras revelou um impacto positivo nos municípios onde o MST atua. Antes da chegada dos acampamentos, áreas de terra eram deixadas de lado, resultando em um cenário desolador. No entanto, com a presença do MST, as cidades renasceram economicamente, recebendo impostos, estimulando o comércio local e fortalecendo os serviços.
Eduardo Moreira desafia a visão convencional ao questionar quem são os verdadeiros tomadores de terra: aqueles que a mantêm improdutiva para fins especulativos ou os que a utilizam para promover a produção de alimentos e gerar riqueza de maneira sustentável? Ao contrário do agronegócio, que muitas vezes é criticado por não distribuir renda e não gerar empregos, o MST se destaca como um catalisador do milagre econômico produzido pela terra brasileira.
Em um país onde a insegurança alimentar afeta milhões, o MST emerge como uma força vital na busca por uma economia agrícola mais justa, sustentável e inclusiva. Suas práticas e conquistas desafiam estereótipos, destacando o papel crucial que o movimento desempenha na construção de um Brasil mais equitativo e próspero.
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