Secagem de café a gás aumenta qualidade da bebida e preserva o meio ambiente

Tecnologia a gás do Incaper garante grãos mais homogêneos e sustentáveis no pós-colheita
A etapa de pós-colheita é um divisor de águas na cadeia produtiva do café, definindo a qualidade final da bebida e, consequentemente, o seu valor de mercado. Tradicionalmente, a secagem é realizada em fornalhas que utilizam palha do café ou lenha como combustível, métodos que, apesar de comuns, apresentam sérios desafios de uniformidade, segurança e impacto ambiental.
Em uma iniciativa que integra o Projeto Cafeicultura Sustentável, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e parceiros estão difundindo uma tecnologia de ponta: a secagem de café com gás. Essa mudança de matriz energética não é apenas uma inovação, mas um avanço que alinha a cafeicultura à demanda global por sustentabilidade e qualidade superior.
A principal diferença entre os métodos reside no controle da temperatura e na limpeza do processo. Nos secadores tradicionais, a queima de lenha e palha, apresenta variações constantes na liberação de calor, dificultando a manutenção da temperatura ideal. O risco de contaminação também é constante, pela fumaça gerada, fuligem e cinzas que podem contaminar o grão, introduzindo defeitos sensoriais na bebida.
A secagem com gás combustível (GLP ou gás natural) supera esses obstáculos de forma decisiva. O queimador a gás oferece um controle mais uniforme e constante da temperatura, essencial para uma secagem lenta e homogênea. Essa estabilidade evita o superaquecimento, que pode “cozinhar” o grão, comprometendo sua estrutura celular e sabor.
A ausência de fumaça e fuligem resulta em grãos mais homogêneos e bebidas mais equilibradas. Reduzindo drasticamente o risco de contaminação, fortalecendo a produção de cafés especiais.
Ambientalmente o gás também é a melhor opção, sua combustão consideravelmente mais limpa que a da madeira e da palha, emite menos fuligem, material particulado e poluentes no ar. Isso melhora a qualidade do ar e beneficia a saúde do trabalhador e das comunidades vizinhas. A substituição da lenha diminui também a pressão sobre os recursos florestais, contribuindo diretamente para a preservação ambiental.
A palha do café, que antes era queimada, pode ser reincorporada ao solo como adubo orgânico. Esta prática melhora a estrutura física e a fertilidade da terra, aumentando a retenção de água e reduzindo a necessidade de adubos químicos.
Diferentemente dos fornos manuais, o sistema a gás pode ser programado e controlado por painéis eletrônicos. Isso elimina a necessidade de alimentação manual frequente e a vigilância constante do fogo. A menor exigência de mão de obra e a maior vida útil dos equipamentos resultam em redução de custos operacionais e de manutenção.
O sistema a gás melhora a qualidade de vida do operador, que não fica exposto ao excesso de fumaça e calor da fornalha tradicional, tornando a operação mais prática.
Com unidades demonstrativas, como a instalada em Nova Venécia (que já recebeu a visita de cerca de 25 cafeicultores), o Incaper garante que a tecnologia seja disseminada. Essa experiência prática é vital para atingir a meta do Projeto Cafeicultura Sustentável, que é atender 8 mil propriedades até 2027, alinhando a qualidade do produto à sustentabilidade ambiental e à eficiência produtiva no Espírito Santo.

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