Violência sexual na infância e adolescência e cultura de paz são temas centrais na 4ª Reunião Geral do PSE
A Prefeitura de Aracruz, por meio das Secretarias de Assistência Social (Semas), Educação (Semed) e Saúde (Semsa), promoveu na manhã desta terça-feira (28), no plenário da Câmara Municipal, a 4ª Reunião Geral do Programa Saúde na Escola (PSE). O evento, destinado a gestores escolares, representantes da saúde, técnicos do CRAS e equipe de psicossociais (PAS), teve como pauta a cultura de paz e violência sexual na infância e adolescência.
Os temas em questão foram apresentados pela Capitã Nilva, do 5º BPM e pela psicóloga da Semsa, Juliana Monteiro, respectivamente. Antes mesmo do início, a Coordenadora do PSE pela Semed, Giucirlene de Bortoli, deu as boas vindas ao público, destacando a necessidade de se trabalhar em rede. “Nós precisamos trabalhar em rede, pois não é fácil trabalhar sozinho diante de tantos desafios. Posso afirmar que nossa rede é uma das melhores da região. Por isso, gostaria de agradecer o interesse e a disponibilidade de cada um que compareceu aqui hoje, que entendem a importância desse programa para as escolas. Muitas crianças estão sendo atendidas pela assistência social e pela saúde, e é isso que nos move e nos impulsiona a avançar cada vez mais”, destacou.
A Capitã Nilva começou sua apresentação mostrando o conceito de cultura de paz, segundo as Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Em 2004 essas instituições definiram a Cultura de Paz como um conjunto de valores, atitudes, modos de comportamento e de vida que rejeitam a violência, e que apostam no diálogo e na negociação para prevenir e solucionar conflitos, agindo sobre suas causas”, disse.
Porém, de forma oficial, esse movimento iniciou-se em 1999, com o propósito de prevenir situações que possam ameaçar a paz e a segurança, como o desrespeito aos direitos humanos, a discriminação e intolerância, a exclusão social, a miséria e a degradação ambiental, dentre outros. Por isso foi utilizado como principais ferramentas a conscientização, a educação e a prevenção. “De acordo com a UNESCO a cultura de Paz está profundamente relacionada à prevenção e à resolução não-violenta de conflitos, sendo que ela fundamenta-se nos princípios de tolerância, solidariedade, respeito à vida, aos direitos individuais e ao pluralismo”, falou a capitã.
Já na década de 2001-2010 foi elaborado o “Manifesto 2000”, baseado em seis pilares defendidos pela Unesco, como respeitar, rejeitar, ser, ouvir, preservar e redescobrir, sendo essa década considerada como a Década Internacional pela Cultura de Paz e Não Violência para as Crianças de todo o planeta.“Esse tema envolve um esforço coletivo para promover o bem-estar por meio de ideias, ações e comportamentos, e as instituições com essa visão de mundo priorizam a comunicação para integrar os indivíduos”, completou a militar.
Finalizando sua apresentação, a capitã ainda fez uma breve descrição das ações e missões que competem à PM, assim como alguns projetos desenvolvidos pelo 5º BPM como: Desafios do Darinho, Banco de Leite Humano, Serviço de Assistência Religiosa, Banda Júnior da PMES, Educação Ambiental, Equoterapia, Patrulha Escolar, Polícia Comunitária e Presta. Ela também tratou da cultura de paz nas escolas, tendo o bullying como grande vilão das violências nas instituições de ensino no século XXI, dando como exemplo alguns casos que levaram à morte crianças e adolescentes, tanto por agressões ou suicídio.
Violência sexual na infância e adolescência
No segundo e último tema do dia, a psicóloga da Semsa, Juliana Monteiro mostrou que atualmente o Brasil ocupa o 2º lugar na exploração sexual infantil no mundo. “A gente sempre ouve que as crianças não podem falar com estranhos, porém, 73% dos casos ocorrem dentro da própria casa, com 40% pelo pai ou padrasto. Tratam-se de números bem preocupantes, pois a criança e adolescente não compreende a situação, ficando na maioria das vezes sem reação, e a pessoa que abusa exerce controle sobre a vítima”, explicou.
Ela também apresentou os tipos de abusos, como o auditivo, com uso de palavras chulas, visual como a pornografia, o toque, o físico e o virtual. “Tudo isso pode levar a uma erotização precoce, pois as crianças e adolescentes estão em desenvolvimento psicológico, sendo imaturas, e por isso elas são vulneráveis, não conseguindo conduzir sua vontade para se proteger”.
Notificações dos casos durante a pandemia
Durante a pandemia houve uma queda nas notificações. Isso aconteceu, dentre outros fatores, porque em casa, longe da escola, muitas crianças ficaram mais expostas à situação de abuso e exploração sexual. Já com o retorno das aulas presenciais, as denúncias voltaram, e os sinais de que algo estava errado, também. “Houve mudança no temperamento delas, que começaram a pronunciar palavras de conotação sexual e a vestirem roupas incompatíveis. Muitas também se auto lesionaram e apresentaram ideias ou tentativas de suicídio, além de outros comportamentos como agressão a animais domésticos, olhar entristecido e isolamento”, destacou Juliana.
O público aprendeu o que deve ser feito nesses casos, tendo o diálogo como uma arma importante, mantendo uma conversa somente com quem vai ajudar no caso, não expondo a vítima, pois isso causa mais dor. “Vocês também podem e devem procurar os órgão necessários, como uma delegacia, CREAS, e Conselho tutelar. Há ainda o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e 180 (Central de Atendimento à Mulher), além de o app dos Direitos Humanos Brasil que pode ser baixado gratuitamente nas versões Android e IOS”, completou.
Após as apresentações, foi aberto um espaço para que as pessoas pudessem tirar suas dúvidas ou relatar casos, para que, posteriormente, fossem formados grupos de discussão para elaborar o planejamento do plano de ação para o próximo mês.
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